Paula Matias, Diretora Geral da Escolha do Consumidor

 

Afinal o que orienta a decisão dos portugueses na hora comprarem: preço/promoções ou a qualidade?

Depois de nos últimos meses muito se falar sobre a preferência dos consumidores pelas Promoções, foi apresentado ao mercado o estudo de tendências da escolha do consumidor que nos diz que afinal a qualidade é o que reúne o consenso na hora da compra. Qual está errado? Na verdade, nenhum, importa é contextualizar as respetivas conclusões.

Se perguntar ao leitor o que lhe importa quando compra um determinado bem, o seu impulso é responder de imediato “o preço” ou seja a vertente promocional (desconto, 2 por 1, mais 25% da quantidade, entre muitas outras opções que servem para valorizar o preço mais vantajoso na compra), pois o que quer dizer é que gosta de fazer a melhor compra ao melhor preço. Mas será mesmo o preço que quer referir ou no seu subconsciente o que está presente é a relação qualidade/preço.

Imagine o leitor, se não estiver em caso de extrema pobreza onde uma qualquer refeição é um luxo, que entra num restaurante para almoçar. Depois de olhar para o menu, conclui: 1. o prato do dia custa 5€ apenas não é do seu agrado; 2: o restaurante também não é afamado por esse prato; 3. no menu encontra um prato, esse sim do seu agrado e que o restaurante é famoso por ele; 4. mas custa 8€… qual a sua decisão? Pagar mais 3 euros por algo que o vai satisfazer ou poupá-los e optando por algo que o vai (já sabe) desiludir? Preço ou Qualidade? A esta equação pelo leitor designamos na gíria da gestão a “relação qualidade/preço” ou “value for money”, ou seja, demos maior valor ao preço pago, beneficiámos de um conjunto de características que valorizamos e por isso estamos dispostos a pagar mais.

É isto que se está a passar maioritariamente no mercado, independentemente da categoria de consumo, o consumidor privilegia o “valor” do que paga e a qualidade do que paga. No primeiro caso o “valor” (Value for Money) reveste-se de diversas formas em função do que compramos, na oferta de vantagens em acordos/parcerias; condições de contratação; prazos; processo de faturação/reembolso; quantidades; quantidade/preço; segurança. No que respeita à Qualidade, o consumidor espera, dependendo o que está em causa comprar, a eficácia, qualidade do material; testes/avaliações que comprovam os seus benefícios. Resumindo o preço por si só não basta se à marca não for associada qualidade reconhecida.

Por outro lado, há aspetos que têm vindo a adquirir maior relevância para os consumidores como o “foco no cliente” que em algumas categorias são traduzidos no apoio ao cliente, no atendimento, na clareza de informação, conhecimento técnico e recomendação proporcionada pelos empregados da loja. Outros dos pontos de destaque é o da “conveniência” que agrega aspetos, em loja, como a atmosfera agradável, facilidade de acesso, condições do espaço e logística, horários, localização, organização, rapidez do serviço e que em alguns produtos se manifesta na forma como facilita a preparação ou utilização pelo consumidor (destaque para os produtos alimentares e de higiene e limpeza). Claro que estes dois últimos são interpretados como fatores que encarnam também o “valor” e a “qualidade”. E as promoções surgem no estudo? Sim, mas, aqui não apenas como referência ao preço mais baixo e a amostras, mas na forma da procura de novidades, novos lançamentos e associadas a campanhas de fidelização.

Já agora caro leitor, a sua escolha no restaurante foi o prato de 8€, com o qual se deliciou, certo?

É a Escolha do Consumidor!