Estudo da OCDE revela que oito em cada dez adolescentes portugueses “sentem-se mal” por não estarem ligados à rede. Psicóloga aconselha mais intervenção dos pais para diminuir dependência.

Oito em cada dez adolescentes portugueses “sentem-se mal” por não estarem ligados à Internet. Entre os 31 países alvo de um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), os jovens portugueses só são ultrapassados pelos adolescentes franceses e suecos: mais de 80% ressente-se quando não está ligado à Internet.

79,4% dos rapazes com 15 anos assumiu num inquérito realizado em 2015 que se sentiam mal se não estivessem ligados à Internet. O número diminui ligeiramente entre as raparigas: 79,2% sente o mesmo. Mas as jovens nacionais ocupam o primeiro lugar da lista, com as francesas e suecas a apresentar uma percentagem ligeiramente menor que a portuguesa.

Em média, 55% dos jovens dos 31 países analisados sente-se mal quando não está online. E o fenómeno não surpreende a psicóloga e terapeuta de casal Catarina Mexia. “Não me espanta. Estive na Mongólia, incontactável durante dez dias, e quando antes de partir contei à minha sobrinha de 14 anos ela disse: ‘Eu não consigo imaginar isso. Mas vais ficar sem Internet? Sem Whatsapp? É muito estranho, se precisares de falar com alguém como fazes?”.

Como terapeuta de casal, Catarina Mexia nota que diferentes abordagens ao uso das redes sociais por parte dos filhos podem dividir os elementos de um casal. “São temas recorrentes. E os adultos precisam sempre de dar o exemplo. Nas alturas em que se deve privilegiar o contacto familiar, não se devem usar os telemóveis. As redes sociais e as apps devem ser usadas com critérios e regras. E não se deve proibir por proibir: os jovens também criam grupos no Whatsapp para estudar”, frisa. “Os pais devem conversar com os filhos sobre redes sociais e apps e fazer a gestão de forma diferenciada. Quando se introduz a retirada da Internet na hierarquia dos castigos tem de se medir bem o que se está a fazer.”

“Entre os países da OCDE tem havido um aumento do tempo que os estudantes passam online depois de um dia típico de aulas”, frisa ainda o estudo. Os jovens portugueses passam em média cerca de 140 minutos ligados à Internet por dia.
 
 
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