As conclusões do estudo, realizado em 2015 e agora divulgado, “confirmam uma elevada prevalência de fatores de risco” nos portugueses que podem contribuir para a ocorrência de AVC.

Um estudo à escala nacional realizado em 2015 mostra que 40% dos portugueses ocupa os tempos livres a ver televisão, resultado que o coordenador do Departamento de Epidemiologia do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge considera preocupante.

Médico, assistente graduado sénior de saúde pública, coordenador do Departamento de Epidemiologia do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Carlos Dias apresentou esta quinta-feira no 12.º Congresso Português do Acidente Vascular Cerebral, que decorre no Porto até sábado, os resultados do primeiro inquérito nacional de saúde com exame físico.

O especialista afirmou que as conclusões “confirmam uma elevada prevalência de fatores de risco como a hipertensão, obesidade, sedentarismo, uma alimentação que não é saudável e que contribuem para a ocorrência de AVC”.

O trabalho de campo decorreu em 2015, abrangendo cerca de 4.200 pessoas distribuídas pelas sete regiões de Portugal, envolvendo homens e mulheres com idades entre os 25 e 74 anos. A análise dos dados foi feita em 2016.

Dos números apurados, Carlos Dias destacou a “elevada frequência de sedentarismo”, concluindo o estudo que “mais de 40% dos homens e mulheres referiram que a atividade que melhor caracteriza os seus tempos livres é estar sentado a ver televisão”.

A leitura desses dados evidencia preocupação ao médico que coordenou o estudo, lembrando que a “atividade física é essencial no controlo das doenças cardiovasculares, diabetes e obesidade”.

Em declarações à agência Lusa, Carlos Dias sublinhou que o estudo também apresentou resultados otimistas, nomeadamente que a taxa de prevalência da diabetes baixou para os 9,8%.

Numa sociedade com cada vez mais apelos, “mas nem sempre saudáveis”, Carlos Dias citou como otimistas os números relacionados com a “prevalência da diabetes, que baixou para 9,8%” quando “há sete anos, em que o valor chegou aos 12%”.

“Tudo aponta para que a diabetes esteja numa tendência decrescente. Os números mostram-nos também que [a maior parte] dos hipertensos e dos diabéticos sabe que têm a doença, estão medicados e controlados”, salientou.

“O outro resultado que considero importante é aquele que nos mostra que nas pessoas de estratos sociais menos favorecidos, como as que têm menor grau de instrução [ou] que estão desempregadas há uma maior frequência desses fatores de risco”, alertou Carlos Dias, sugerindo uma “nova linguagem” na relação médico-paciente.

Neste cenário, o médico disse ser “importante perceber que tanto os programas de prevenção da doença como de promoção da saúde poderão ter vantagens se considerarem as suas intervenções de uma forma mais dirigida a estas pessoas, capacitando-as e dando-lhes informação de acordo com o seu nível socioeconómico e grau de instrução”.

Sobre o aparente insucesso das sucessivas campanhas de consciencialização para a doença junto da população mais jovem, Carlos Dias explicou que continua a haver uma oferta pouco saudável.

Face às “ofertas múltiplas de bens e de serviços”, as gerações mais novas “têm hoje mais dinheiro e disponibilidade de tempo, adotando estilos de vida bem diferentes”. O problema é que “nem sempre a oferta parece saudável”, apontando os casos da “alimentação, apesar dos programas importantes da redução do sal e do açúcar, cujos efeitos demoram dois a cinco anos a fazerem-se sentir”.

 
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