O projeto da EDP para um parque com 12 mil painéis solares na albufeira do Alqueva recebeu luz verde para iniciar a construção. Objetivo é que possa produzir energia já no final deste ano e abastecer o equivalente a 25% das famílias da região.

É um dos mais inovadores projetos de energia solar da EDP: um parque flutuante com mais de 12 mil painéis fotovoltaicos na albufeira da barragem do Alqueva e que acaba de receber o licenciamento final para iniciar a sua instalação. A previsão é que os trabalhos no terreno arranquem no verão e que, no final deste ano, já possa estar a produzir energia. Com uma capacidade de produção anual de 7GWh, a expetativa é que venha a abastecer o equivalente a 25% dos consumidores da região (Portel e Moura).

O futuro parque solar, que conta também com um sistema de armazenamento com baterias, envolve um investimento total na ordem dos quatro milhões de euros e será integrado com a central hídrica do Alqueva, uma central hídrica com bombagem e um dos maiores sistemas de armazenamento de energia do país. Este projeto está a ser desenhado num modelo de funcionamento híbrido, já que o sistema de bombagem permite utilizar a energia eólica e solar, em períodos de menor consumo, para bombear a água da albufeira e, dessa forma, reutilizá-la para produzir nova energia hidroelétrica.

Alqueva irá assim tornar-se numa espécie de laboratório vivo, ao permitir que se teste a complementaridade entre tecnologias de produção de energia renovável despachável (hidroelétrica) e não despachável (fotovoltaica), assim como tecnologias de armazenamento de energia de longa duração (bombagem) e de curta duração (bateria). Com uma potência de 1MW e capacidade de armazenamento de cerca de 2MWh, a bateria irá recorrer à tecnologia de iões de lítio, já amplamente utilizada no setor elétrico a nível global.

Quase cinco anos depois do bem-sucedido projeto-piloto no Alto Rabagão, com 840 painéis, a EDP inicia agora a instalação deste parque em maior escala e em alinhamento total com a estratégia global da empresa, que passa por aumentar o investimento em projetos de inovação e renováveis, de forma a ser 100% verde até 2030. Além disso, está em linha com os objetivos do Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050, uma vez que procura maximizar a penetração de energia limpa no sistema e explorar a capacidade das ligações de rede já existentes.

Menor impacto, maior eficiência

O projeto no Alqueva destaca-se ainda pelas vantagens ambientais, a começar pelo recurso a uma área do espelho de água que não tem utilização e que não sofre alterações com a instalação dos painéis flutuantes. Além disso, a produção de energia elétrica em centrais flutuantes beneficia de temperaturas favoráveis, em especial em períodos de forte exposição ao sol e ao vento. As temperaturas mais baixas junto às superfícies aquáticas permitem reduzir a temperatura dos próprios painéis fotovoltaicos, aumentando assim a sua eficiência: no caso do Alto Rabagão, , esse reforço chegou a 10% em comparação com soluções equivalentes fixas e em terra.

Por outro lado, a integração com uma central com as ligações à rede já existentes evita a construção de novas linhas de transporte e distribuição e a consequente ocupação de solo. Neste caso, a hibridização pode permitir a duplicação da energia escoada no mesmo ponto, sem necessidade de aumentar a capacidade da linha. Todas estas vantagens ambientais do projeto foram reconhecidas no Estudo de Incidências Ambientais, incluído no processo de avaliação e licenciamento.

Com este projeto inovador, a EDP reforça a sua capacidade instalada de energia renovável, que é atualmente de 19GW – representa perto de 80% do total e a caminho dos 100% ambicionados até 2030. A energia renovável será, por isso, decisiva neste processo de transição energética, estando previsto um investimento global de 19 mil milhões de euros nos próximos cinco anos para 20GW de capacidade adicional.

Parque solar flutuante do Alqueva em números
Nº de painéis: 12.000
Dimensões da plataforma: 4 ha
Potência Instalada: 4 MW
Produção de energia anual: 7 GWh (~25% das famílias da região)
Profundidade da albufeira: 70 m
Oscilação do plano de água: 23 m

www.edp.com

 

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