Já 52% dos inquiridos com filhos não tencionam expandir a sua família. Custos elevados de criar uma criança (19%) e a sensação de família completa (18%) são os principais motivos
A ConsumerChoice, sistema de avaliação de marcas nº1 em Portugal, realizou um estudo para explorar a perceção dos portugueses sobre a infância nos dias de hoje e as mudanças ocorridas ao longo das gerações. Proporciona ainda uma visão abrangente das experiências das crianças e famílias, especialmente as dificuldades enfrentadas e as conquistas alcançadas.
Ter filhos é uma das decisões mais importantes na vida adulta. Nesse sentido, as opiniões sobre aumentar a família entre os inquiridos que já são pais são um pouco distintas: 48% expressam o desejo de ter mais filhos, enquanto 52% não pretendemexpandir a sua família. Apenas 13% dos participantes sem filhos afirmam não ter vontade de os ter.
Relativamente aos motivos para a ausência de vontade de ter mais filhos, os custos elevados de criar um filho (19%) e a sensação de que a família já está completa (18%) foram as principais razões mencionadas pelos entrevistados. Além disso, 14% indicaram a instabilidade financeira ou a falta de recursos como um fator decisivo, enquanto outros 14% destacaram a incerteza sobre o futuro e a instabilidade global como motivos para não desejarem mais filhos.
“A infância dos dias de hoje está muito longe da que era vivida em gerações passadas. Enquanto as crianças agora beneficiam de mais recursos educativos e oportunidades de desenvolvimento global, há uma clara necessidade de promover atividades que incentivem a criatividade, a leitura e as interações sociais diretas. Os pais enfrentam diversos desafios que antes eram impensáveis, sendo que um dos mais importantes, neste momento, é garantir que na vida das crianças existe um equilíbrio saudável entre a tecnologia e as ditas experiências tradicionais”, refere Cristiana Faria, Diretora de Marketing da ConsumerChoice.
A infância das crianças, atualmente, é também muito diferente face às gerações anteriores. As principais distinções apontadas são a diminuição das brincadeiras físicas, a mudança no tipo de brinquedos ou jogos e o aumento da utilização de tecnologia. Embora as crianças tenham alguma facilidade em socializar, as primeiras palavras e interações frequentemente giram em torno da tecnologia, no lugar de brincadeiras saudáveis e físicas.
Outro ponto referido é a perceção de que as crianças de hoje não passam totalmente pela fase de infância e adolescência, mostrando uma tendência em quererem ser adultos rapidamente. As redes sociais e a evolução tecnológica têm contribuído para esta conjuntura, acelerando o desejo das crianças de adotarem comportamentos e responsabilidades adultas precocemente.
Em relação ao que as crianças não têm tão presente na sua infância atualmente, os inquiridos destacaram a falta de brincadeiras livres sem supervisão, a diminuição das interações cara-a-cara, o decréscimo da leitura de livros físicos e acesso a bibliotecas, a redução da criatividade, a simplicidade e a menor dependência da tecnologia e a ausência dos “amigos da rua”. Por outro lado, foram reconhecidas melhorias significativas na forma como as crianças crescem, o maior acesso à informação, a facilidade para aprender novas línguas e outras habilidades, a facilidade em viajar e as escolas estarem mais inclusivas e adaptáveis.
No que toca aos valores mais importantes a serem ensinados às crianças, de acordo com os entrevistados, o respeito pelo próximo (80%) e a empatia (35%) surgem em primeiro lugar. A educação e os valores éticos, como a honestidade e a perseverança, também foram destacados, com 30% e 25% das respostas. 20% dos inquiridos enfatizaram ainda a importância das interações sociais e do convívio, com 15% focando na necessidade de contato presencial.
Outros valores relevantes incluem a importância da família e da tradição e o desenvolvimento pessoal, como autoconfiança e responsabilidade (ambos com 10%). As respostas refletem também uma forte preocupação com a criação de um ambiente que promova a saúde mental, a felicidade e o equilíbrio (5%).
A dificuldade em manter uma vida equilibrada entre o mundo digital e o real, as pressões sociais e os problemas de saúde mental, a solidão e a falta de socialização e os desafios ambientais e as alterações climáticas são aos principais desafios que as crianças de hoje vão enfrentar quando forem adultas, segundo os participantes do estudo.
Quanto às crianças questionadas, passar mais tempo a brincar e desfrutar de atividades de lazer é o principal aspeto que gostavam de mudar nas suas vidas (40%). Condições económicas melhores e uma casa maior são também importantes para 25% dos entrevistados. No entanto, ao serem inquiridas sobre o que mais querem na vida, 35% das crianças menciona felicidade, segurança e estar com a família.
Por último, foi perguntado o que os adultos não entendem sobre as crianças. A necessidade de mais tempo para brincar e lazer é indicada por 30% das crianças, enquanto 20% sentem que os adultos não compreendem os seus sentimentos e preocupações.