Apenas 9% dos consumidores planeia comprar um imóvel nos próximos 12 meses. Já 40% não têm a intenção de adquirir nenhum tipo de habitação num futuro próximo 

Num momento em que o acesso à habitação continua a ser uma das principais preocupações dos portugueses, a Escolha do Consumidor preparou um estudo que analisa as preferências, intenções e dificuldades dos consumidores no setor imobiliário. A maioria dos inquiridos valoriza a estabilidade da casa própria, embora enfrente desafios significativos como os preços elevados, a dificuldade em obter crédito e a incerteza económica.

A habitação própria é uma realidade para 70% da população, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE). Contudo, o estudo realizado pela Escolha do Consumidor mostra que 43% já têm a casa totalmente paga e 26% continua a pagar o respetivo financiamento. Por outro lado, o arrendamento continua a ser uma solução para 25% dos entrevistados. Já 5% vive em imóveis cedidos por familiares ou amigos e 1% encontra-se em outra situação, nomeadamente vive com os pais.

Grande parte dos inquiridos (52%) vivem com o(a) companheiro(a), enquanto 15% vive sozinho. A coabitação com pais ou outros familiares é referida por 17%, e 13% reside com filhos. Situações menos comuns incluem viver com amigos ou colegas (2%) ou partilhar casa com desconhecidos (1%), como no caso do arrendamento de quartos.

Dos participantes que não possuem casa própria (31%), somente 9% planeia comprar um imóvel nos próximos 12 meses e 18% aponta fazê-lo num horizonte de um a três anos. No entanto, 33% revela vontade de comprar, mas ainda não definiram um prazo específico. Já 40% não têm, de momento, intenção de adquirir nenhum tipo de habitação. No que diz respeito ao tipo de imóvel preferido pelos consumidores, a escolha recai sobre casas, mais especificamente por moradias, representando assim 67% das respostas. Apenas 25% prefere apartamentos e 8% refere não ter preferência quanto ao tipo de imóvel.

Para quem opta por ter casa própria, os principais benefícios apontados são o sentimento de segurança e estabilidade (23%), a liberdade para realizar obras ou personalizar o espaço ao seu gosto (21%) e o potencial de investimento a longo prazo (19%). Evitar aumentos de renda (15%), a valorização do imóvel ao longo do tempo (12%) e o planeamento da vida familiar (10%) são destacadas também como vantagens importantes para os inquiridos.

Entre os consumidores que possuem habitação própria, 31% revela ter demorado mais de três anos a juntar o valor necessário para a entrada do imóvel e 18% levou entre um e três anos. Só um número muito reduzido conseguiu fazê-lo em menos de um ano (9%). Adicionalmente, 1% declara que ainda está a juntar o valor necessário para alcançar este objetivo. O apoio de familiares ou amigos foi também decisivo para 21% dos casos e 9% afirma não ter poupado para a entrada da casa, pois adquiriu a habitação a pronto pagamento. Situações como heranças, financiamentos a 100% ou ter recorrido a um empréstimo bancário para cobrir a entrada são mencionadas pelos restantes entrevistados (11%).

Os maiores entraves à compra de habitação continuam a ser os preços elevados dos imóveis (28%) e a falta de dinheiro para a entrada (19%). Taxas de juro elevadas (17%) e a insegurança económica (15%) também influenciam negativamente a decisão dos consumidores, tal como as dificuldades em obter crédito (12%). Além disso, 4% indica a falta de imóveis que correspondam às suas necessidades, 2% refere a falta de informação ou orientação e 3% aponta outras razões, como preocupações com a segurança da zona onde pretendem adquirir o imóvel, não enfrentarem dificuldades no momento ou não terem intenção de comprar já casa.

*Estudo “O que nos dizem os Censos sobre a Habitação” desenvolvido pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em 2021.


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