69% dos consumidores prefere reparar equipamentos eletrónicos antes de comprar novos

A Escolha Sustentável, primeiro sistema de qualificação que valoriza produtos, serviços e medidas que contribuem ativamente para a sustentabilidade a nível social, ambiental e económico, realizou um estudo que sobre as tendências e hábitos de sustentabilidade dos portugueses. A análise revela uma consciência ambiental crescente por parte dos consumidores, e um esforço coletivo para adotar estilos de vida mais responsáveis. Contudo são ainda evidentes os obstáculos que dificultam a mudança de hábitos e comportamentos.

A maioria dos consumidores acredita que as suas escolhas podem impactar o mundo (81%) e que todos temos igual responsabilidade por promover o consumo sustentável (51%). Neste sentido, 37% dos participantes procura frequentemente informação sobre a origem ou impacto dos produtos que compra e 35% fazem-no ocasionalmente.

Para grande parte dos entrevistados, os valores mais associados à sustentabilidade são a saúde e bem-estar e a justiça social (cerca de 70%), seguidos pela ética nos negócios (53%). Só metade dos inquiridos atribuiu elevada importância a conceitos como: consumo responsável, direitos dos animais e sustentabilidade ambiental (50%).

De acordo com o estudo, a alimentação é o setor que desperta maior preocupação entre os consumidores (20%), desde o momento da escolha dos produtos, ao do consumo consciente, especialmente no esforço para evitar o desperdício. 39% preocupa-se frequentemente com a origem dos alimentos que consome e 22% está sempre atento a esta questão. No entanto, esta é também a área que enfrenta os maiores desafios, com obstáculos como o preço elevado, oferta reduzida e pouco acessível de produtos sustentáveis. 

Embora 51% considere critérios éticos ou ambientais ao comprar roupa, moda e vestuário é o segundo setor mais mencionado (17%) no que diz respeito à dificuldade em consumir de forma “consciente”. Isto está relacionado com o número limitado de opções no mercado, pois quando há produtos mais ecológicos são por vezes inadequados às necessidades ou muito caros. Além disso, o mercado da fast fashion continua a ser mais acessível, tornando assim difícil a transição para opções ecológicas.

Na vertente de transporte e mobilidade as dificuldades em adotar um estilo de vida sustentável resultam da falta de alternativas públicas e do custo das opções mais ecológicas. Ao escolher o seu meio de transporte 49% tem em consideração o impacto ambiental do mesmo e 39% afirma ter isso em consideração às vezes. No entanto, 54% indica o carro próprio como o seu meio de deslocação mais frequente. Os transportes públicos (27%) e andar a pé (14%) são também citados pelos entrevistados.

Quando questionados sobre quais os fatores que mais influenciam no momento da compra, 48% dos portugueses dão prioridade à qualidade e 34% ao preço. Apenas 11% refere o impacto ambiental ou social como critério decisivo. Ainda assim, os consumidores mostram-se dispostos a pagar mais por produtos que sejam justos, ecológicos e de produção local. Somente 7% afirma não estar disposto a pagar qualquer valor adicional por este tipo de artigos.

A estes fatores junta-se ainda a desconfiança face ao greenwashing, com muitos dos inquiridos céticos quanto à veracidade das alegações ambientais feitas por diversas empresas, o que reduz a confiança em produtos classificados como sustentáveis.

Relativamente às práticas sustentáveis implementadas no dia a dia, destacam-se a poupança de água e energia (23%), a separação dos resíduos recicláveis (23%) e a reutilização de embalagens (22%). Já a compra de produtos sustentáveis (14%) ou a utilização de transportes alternativos ao automóvel têm menor expressão (13%). Todavia, 45% dos participantes evita produtos de empresas que contrariam as suas convicções, 51% afirma fazê-lo às vezes e 4% admite não evitar estes artigos. No último ano, 25% reduziu o uso de plástico, 23% optou por arranjar ou reutilizar produtos em vez de comprar novos e 14% comprou artigos em segunda mão. No caso dos equipamentos eletrónicos, 69% dos consumidores prefere reparar antes adquirir um novo.  

Apesar das dificuldades, 55% dos consumidores expressa preocupação com o futuro do planeta e assume já ter adotado hábitos de consumo consciente, como a diminuição do desperdício alimentar, a reciclagem, a compra de artigos em plataforma de segunda mão ou a reparação de equipamentos eletrónicos. Os inquiridos alertam ainda que esta mudança de comportamento só será sustentável se houver acesso facilitado, transparência e preços mais justos.

As candidaturas para a edição de 2026 do Prémio Escolha Sustentável da ConsumerChoice estão abertas para todas as marcas que pretendam concorrer para alcançar esta certificação.


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