Terminada a pandemia, já é possível determinar o impacto que a mesma teve no comportamento dos consumidores e no consumo a nível mundial.

As empresas locais foram desde então mais apreciadas e valorizadas pelos consumidores, não só por estar mais próximo do local de residência como existe uma forte necessidade de apoiar economicamente o comércio local.

Segundo a YouGov International, em 17 países inquiridos e analisados, três em cada cinco consumidores (60%) dizem pretender apoiar as empresas locais e comprar mais produtos locais após a pandemia.

Relativamente ao consumo, a compra a granel tem sido cada vez mais adotada pelos consumidores, nestes 17 mercados, dois em cinco (38%) têm vindo a comprar artigos em maior quantidade, seja por medo de escassez, por relutância em sair de casa ou outras razões associadas aos tempos de pandemia que vivemos. E é devido a este comportamento de consumo que a acumulação de stocks aumentou em 2020.

Já a fruta e legumes frescos, artigos de armário alimentar e alimentos congelados, verifica-se, neste estudo, um aumento de três vezes mais do que se consumia.

Outro comportamento curioso, é o facto de cerca de 32% dos consumidores dizem ter reduzido o seu uso de maquilhagem, hidratantes, cera de cabelo e outros produtos desta categoria, tudo isto pode mudar com o regresso ao trabalho, às suas empresas ou até mesmo sair de casa para socializar. No entanto 54% dos consumidores desta área, planeia adotar uma abordagem mais sustentável dos seus hábitos de compra no futuro.

Os europeus são, com algumas exceções, muito menos propensos a dizer que tencionam comprar produtos mais sustentáveis do que a média global. De facto, os três mercados inferiores onde a intenção dos consumidores é mais baixa são todos europeus: apenas um terço dos dinamarqueses (33%), suecos (34%), e alemães (35%) inquiridos dizem que planeiam comprar de forma mais sustentável. Mesmo nos mercados onde a intenção é mais elevada, tais como Espanha (61%) e Itália (59%), está apenas ligeiramente acima da média global (54%).

Juan Pablo Zurdo, da Crédito y Caución afirma que o consumidor que teremos dentro de uma década será como o atual, mas adaptado pelas tendências que foram aceleradas pela pandemia e que se for feita uma comparação do antes, com estudo prospetivos sobre o consumidor publicados em 2019, e o depois, com os estudos sobre a influência da Covid-19 nos hábitos de compra, constata-se que “mais do que uma mudança de perfil, estamos perante uma aceleração de tendências anteriores e o reposicionamento na hierarquia de prioridades, como a saúde”.

O consumidor está a ser atropelado com tanta informação que acaba por ter menos tempo para a processar, o que o fará agir impulsivamente na sua relação com as marcas, querendo tudo no preciso momento “o bombardeio de estímulos comerciais e a convivência de produtos cada vez mais indiferenciados pela rapidez das réplicas levará as marcas a utilizarem argumentos emocionais para se diferenciarem”.

Esse excesso de informação e a resposta emocional imediata do consumidor face às expectativas, sobretudo as defraudadas, poderá agravar o seu comportamento instável, a pouca tolerância ao erro a infidelidade das marcas.

Segundo Juan Pablo Zurdo, a solução passa para tornar as lojas (físicas ou virtuais) num clube com produtos e serviços personalizados e não como apenas um local onde se efetuam compras.

Dentro de 10 anos iremos assistir a comportamentos como obsessão pelo low-cost, mas com uma boa relação qualidade/preço e coerente com os valores de sustentabilidade ou responsabilidade social, ou oportunidades de última hora e a atração pela qualidade e luxo, no entanto verificar-se-á uma poupança face ao regresso do consumismo da recuperação económica.


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