Os consumidores orientam as suas escolhas de produtos alimentares de forma cada vez mais consciente, dando prioridade à Qualidade, Composição do produto, Sabor, Variedade e ao Aspeto.
É o que nos dizem os resultados da Escolha do Consumidor, quanto aos atributos mais valorizados pelos consumidores portugueses.
Contudo, é preciso olhar um pouco mais em profundidade para estes atributos, em particular para a Qualidade e Composição do Produto. Os consumidores orientarão as suas compras alimentares com escolhas conscientes sobre os ingredientes que compõem o produto. Serão privilegiados produtos mais saudáveis, saborosos e leves que permitam desfrutar sem culpa, será igualmente dada prioridade aos produtos elaborados tradicionalmente, mais simples e amigáveis, cujas marcas tenham preocupações com a sustentabilidade. A decisão de consumo ética será cada vez mais afirmada no futuro, a consciência social coletiva dará lugar à consciência individual e o consumidor escolherá os produtos em função do que eles significam em termos de impacto para si, para os outros e para o planeta.
Outras das tendências a ter em conta neste mercado prende-se com a Informação. Apesar dos sistemas de regulamentação, o consumidor possui uma natural dúvida sobre a forma como estes o protegem e por isso sente-se no direito de exigir completa e total transparência das marcas, nomeadamente informação sobre a origem, matérias primas, métodos de cultivo, recolha e transformação.
A necessidade de informação implica não só a necessidade de segurança, como a escolha consciente, tendo em conta a questão da sustentabilidade. De extrema importância e com peso significativo na indústria alimentar será a medida europeia de fim da venda de plásticos de uso único até 2021. Esta medida implicará para além de investimentos avultados na indústria, uma oportunidade para um novo posicionamento das marca, tendo em conta um eco-consumidor que simultaneamente é um auto-cuidador.
A tendência no mercado alimentar é de um consumidor mais preocupado consigo e que aposta em prática autorrealizáveis. As dinâmicas institucionais no sentido consciencializar os consumidores sobre os impactos provocados pelo consumo exagerado de açúcar, sal e gordura na saúde começou a produzir efeitos. Em diferentes países, as medidas adoptadas pelos respetivos governos, quer por alertas nos rótulos, quer pelo aumento de impostos a determinados produtos, acaba por estimular o consumidor a evitar esses produtos e a criar oportunidades para abordagens positivas, das marcas, que tendem a ganhar a simpatia do consumidor. Da mesma forma que se detecta uma aversão a determinados ingredientes, sente-se que existe uma necessidade crescente em alterar os ritmos diários, privilegiando os prazeres da vida. Este desfrutar e satisfazer é um aspecto integral do autocuidado que aborda particularmente a necessidade generalizada de alívio do stress.
As definições individuais de autocuidado e equilíbrio reforçarão a necessidade de uma variedade de produtos alimentares que ofereçam aos consumidores soluções positivas, que possam vir a ser incorporadas nas suas definições personalizadas e flexíveis de saúde e bem-estar. Isto cria uma abertura no mercado para uma variedade de formatos e fórmulas que ofereçam aos consumidores opções que se adeqúem ao seu plano de dieta individual. Uma forma de conquistar mais facilmente o consumidor é através de novos sabores e texturas. Um uso mais criativo dos sabores para diferenciar e distinguir os produtos estará cada vez mais em alta, impulsionando a curiosidade e o interesse do consumidor, uma forma de alinharem com esta tendência é as marcas enfatizarem as qualidades dos produtos existentes. Exemplo disso está na forma como o chá se tem vindo a reinventar para competir com a popularidade do café entre as gerações de consumidores mais jovens.
Mas nem só de produto vive a transformação do sector alimentar. A evolução na variedade de canais e tecnologias de compra leva-nos a uma era de personalização. Vivemos em micro-momentos e cada intervalo de uma tarefa é oportunidade para uma consulta online e decisão de compra. Os consumidores mais ocupados são atraídos para lojas online, dispositivos móveis e controlo de voz pela comodidade que estas tecnologias oferecem face aos seus horários e orçamentos.
Além da conveniência, a tecnologia oferece novas possibilidades para recomendações personalizadas de produtos e promoções individualizadas, o que tenderão a atrair cada vez mais consumidores.
As tendências indicam que, a cada ano que passa, o consumidor mais consciente e bem informado progride em termos dos seus níveis de exigência. A decisão de compra de produtos alimentares é influenciada por aspetos como a transparência de informação, novas experiências (com sabores, texturas), saúde, rotulagem clara e limpa, sustentabilidade e conveniência.
 
Fontes: ConsumerChoice; TrendHunter; Inova; Mintel; Ayr; Science of the Time; TrendWatching