Entrevista Liderança no Feminino, com especial colaboração da Escolha do Consumidor

Andreia Teixeira – Diretora de Marketing do ActivoBank

Quais as características de uma boa marketeer?

As características mais importantes são 4: a orientação para o cliente, a resiliência, a coragem e a criatividade.

A orientação para o Cliente é fundamental para construirmos soluções de comunicação e produto que colocam o Cliente no centro da solução que estamos a desenvolver e promovem um mindset de visão de ecossistema do Cliente. Para construir boas propostas de valor é essencial percebermos as expectativas dos Clientes, a experiência que pretendemos entregar, ouvir e testar com Clientes e sobretudo fazer disto uma forma de trabalhar constante. Por outro lado, temos a resiliência. Numa altura em que tudo muda a uma velocidade enorme, temos de estar dispostos a testar, errar e voltar atrás e sobretudo não deixar de visitar e revisitar temas. Ser marketeer é adorar um bom desafio e estar sempre disposto a aprender.

Num contexto de decisão e gestão de equipas a coragem de expor ideias, defender propostas e abandonar outras é essencial para implementar um bom plano de marketing.

Por último destacaria a criatividade, tão importante na resolução de problemas, mas também na vontade de criar novas soluções e implementar inovação. Numa altura em que os canais de comunicação com o Cliente são tantos, temos de nos desafiar diariamente a pensar diferente para podermos fazer a diferença.

O que é que precisa de mudar para que uma mulher em posição de destaque deixe de ser notícia?

É preciso ainda percorrer algum caminho de evolução. Um caminho que se faz quer ao nível dos sistemas de promoção e meritocracia dentro das empresas, sobretudo no combate à desigualdade salarial, mas também alterações sociais e culturais que colocam a mulher sob grande pressão social em várias áreas da sua vida. É sobretudo necessário que se larguem os paradigmas da supermulher, que se encontre equilíbrio na visão social e nos papeis que homens e mulheres podem desempenhar em contexto de família.

Mas diria que há um caminho que começa também pela visão que a mulher tem de si própria. Há um enorme espaço de evolução que nós mulheres podemos fazer sobre nós próprias e no nosso papel na sociedade, no grau de exigência que colocamos em tudo o que fazemos e no nosso autoconhecimento. Em saber o que queremos, o que não queremos e o que nos faz felizes.

As empresas têm um papel fundamental na promoção da diversidade, no respeito e no enquadramento da parentalidade e dos seus impactos, mas nós próprios temos um papel social de fazer as coisas mudar. Tenho a certeza que estamos no bom caminho.

Diriam que um homem para chegar onde vocês se encontram hoje, teria de fazer os mesmos sacrifícios?

Há temas de construção de vida e carreira que manifestamente continuam a ter muito impacto nas mulheres. Desde logo a integração do projeto da maternidade e respetivo impacto na carreira. Hoje temos uma visão do contributo para a vida em família muito mais paritária, mas ainda assim culturalmente existe pressão social sobre a mulher no seu papel de mãe, na ideia de construção de família e na construção da carreira. Uma ideia quase de perfeição em todas estas áreas que coloca necessariamente pressão. Neste aspeto julgo que os homens não têm este desafio tão vincado.

Não sinto que tenha tido de fazer sacrifícios, mas sinto que existe ainda alguma mudança de paradigma que é necessário acontecer. O mais importante é saber que não há equilíbrios perfeitos, que fazemos escolhas e que o mais importante é estarmos bem com as nossas escolhas.

Numa sociedade onde os homens ocupam a maior parte dos cargos de destaque uma mulher líder sente, mais pressão em fazer um bom trabalho?

Julgo que ainda se sente um pouco isso. Os primeiros movimentos de quem consegue chegar a esses lugares são geralmente ligados a alguma pressão, pela representatividade que têm, pois muitas vezes representam as primeiras experiências das próprias organizações com lideranças femininas nesses níveis.

Sinto que com o evoluir da presença feminina, essa pressão reduz e a experiência mostra a necessidade e o valor que a diversidade pode ter na evolução de uma empresa pela maior criatividade e pela complementaridade de competências que levam a uma maior criação de valor.

A chave está mesmo em percebermos todos o valor que a diversidade traz no trabalho: homens, mulheres, pessoas mais velhas e pessoas mais novas, etc.

Que conselho dariam a uma mulher em início de carreira com o desejo de alcançar uma posição ed destaque na área do marketing?

Investir na aprendizagem constante, não ter medo de errar, dizer que sim aos desafios profissionais que se cruzarem no caminho, ter autoconfiança e trabalhar no autoconhecimento por forma a fazer o speaking up que é necessário na função.

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